O panorama partidário brasileiro é caracterizado por sua grande diversidade, com 32 partidos políticos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na ocasião da janela partidária de 2022, um total de 132 deputados federais mudou sua filiação. Como resultado, o partido liberal (PL) foi o que mais ganhou parlamentares, com 33 novos deputados – originários, principalmente, do União Brasil – somando um total de 75 representantes no parlamento. Como segundo maior grupo, o Partido dos Trabalhadores (PT) soma 56 representantes, seguido pelos Progressistas (50) e os Republicanos (45). O PSD e o PSDB, por sua vez, estão entre os que mais perderam deputados federais na janela partidária.
Além dos deputados, aqueles que mudaram de partido entre 2018 e 2022 incluem o presidente em exercício Jair Bolsonaro, o vice-presidente Hamilton Mourão, o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, o ex-líder do PSDB, Geraldo Alckmin, e outros oito membros do gabinete. Há também 30 senadores, sete governadores e três prefeitos.
Neste ano eleitoral, haverá também o impacto de uma mudança na legislação: a introdução das federações partidárias (Lei 14.208/2021). Desde 9 de janeiro deste ano, os partidos que se associarem em uma federação não poderão mais ser dissolvidos imediatamente após o final da campanha eleitoral, como ocorria nas coligações. A federação partidária deve durar no mínimo um período legislativo, ou seja, quatro anos, e ter abrangência nacional. Isto se destina a dar incentivos à redução da quantidade de partidos e otimizar o uso dos recursos. A fim de formar uma federação partidária, os programas devem ser coordenados e um estatuto comum deve ser elaborado. As federações partidárias deveram ser registradas no TSE até 31 de maio de 2022.
Três alianças foram feitas neste ciclo eleitoral para aumentar as chances de seus filiados e a projeção de seus partidos:
- Federação Brasil da Esperança
- Federação PSDB-Cidadania
- Federação PSOL-Rede
A Federação Brasil da Esperança reuniu o Partido dos Trabalhadores (PT), o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e o Partido Verde (PV), todos sob a presidência de Gleisi Hoffmann (PT). Essa federação conta com o maior número de deputados em relação às outras duas: 68 deputados. O presidenciável apoiado por essa aliança será o ex-presidente Lula (PT).
De igual modo, estabeleceram uma federação o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e o Cidadania (CIDADANIA), sob a presidência de Bruno Araújo (PSDB). Ao todo, esta federação conta com 27 deputados. Não há ainda pré-candidato definido à presidência, o Cidadania já declarou apoio à Simone Tebet (MDB), que pode ser escolhida como o nome a ser apoiado, com a contrapartida de um nome do PSDB para a vice-presidência da chapa. Tebet está se esforçando para angariar o apoio do PSDB. Para isso, a senadora convenceu emedebistas tradicionais gaúchos a liberarem o caminho para que Eduardo Leite (PSDB) possa chegar sem maiores transtornos ao governo do Rio Grande do Sul. Dependendo da escolha do PSDB no estado, analistas apontam que Tebet poderia até mesmo convidar Leite para ser vice em sua chapa, outro nome possível é o do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).
Por fim, estão juntos o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e a Rede Sustentabilidade (REDE) sob a presidência de Guilherme Boulos (PSOL). Com apenas 10 deputados, esta federação apoiará a candidatura do ex-presidente Lula à presidência.[4]
A seguir, apresentamos um breve panorama de alguns partidos políticos:
Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB)
- Orientação ideológica: A orientação ideológica do PSDB foi originalmente descrita como social-democrata. No entanto, hoje é considerado um partido de centro-direita. O PSDB é um partido parceiro da KAS e tem status de observador na Organização Democrata Cristã das Américas (ODCA).
- Fundação: O PSDB foi fundado em 1988 a partir de uma cisão do Movimento Democrático Braisleiro (MDB). Reunia social-democratas, social-liberais, democratas-cristãos e, sobretudo, membros do que era antes o único partido de oposição, o MDB. Os membros do partido são chamados de "Tucanos", que é o pássaro que estampa o brasão do partido.
- Presidente do partido: Bruno Araújo
- Figuras notáveis: Fernando Henrique Cardoso, político do PSDB eleito em 1994 à presidência e reeleito em 1998. Durante todo o governo do Partido dos Trabalhadores (PT), de Lula da Silva até Dilma Rousseff, o PSDB foi o maior partido de oposição. Desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff até a tomada de posse de Jair Bolsonaro, o PSDB fazia parte da coalizão governista. Depois de 33 anos na presidência do PSDB, Geraldo mudou de partido para concorrer à vice-presidência na chapa liderada por seu ex-rival, Lula (PT).
- Número de filiados: 1.353.238 (a partir de abril de 2022)[1]
- Representantes no Congresso Nacional: 26 deputados federais[2] e 6 senadores[3] (a partir de abril de 2022)
- Regiões de maior influência no país: Sul e Sudeste, especialmente São Paulo
Partido do Movimento Democrático do Brasil (MDB)
- Orientação ideológica: Renomeado de PMDB para MDB desde dezembro de 2017, o partido não tem uma ideologia claramente definida, mas tende a ocupar posições liberais. Como resultado de sua frequente participação no governo, independentemente da orientação política, e dado seu tamanho, o MDB também é considerado um "fazedor de reis", ou seja, é um partido de bastante influência independentemente da legenda que está à frente do governo.
- Fundação: O MDB tem suas origens no Movimento Democrático Brasileiro, fundado em 1965. Durante a ditadura militar, era o único partido autorizado a fazer oposição ao partido governista Aliança Nacional (ARENA), embora tenha sido fundado sob as ordens e o controle do próprio governo militar. Em 1979, passou a se chamar Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), mas desde 2017 retornou ao seu nome original.
- Presidente do partido: Luiz Felipe Baleia Tenuto Rossi
- Figuras notáveis: Michel Temer, vice-presidente no governo de Dilma Rousseff (PT), assumiu a presidência em 2016 após o impeachment da presidente. Uma outra figura de destaque atualmente é a senadora Simone Tebet, que pode concorrer à presidência em 2022.
- Número de filiados: 2.131.875 (a partir de abril de 2022)
- Representantes no Congresso Nacional: 38 deputados federais e 12 senadores (a partir de abril de 2022)
- Regiões de maior influência no país: Centro-oeste, especialmente Goiás, e Sudeste.
Partido Democrático Trabalhista (PDT)
- Orientação ideológica: Situado à esquerda do espectro político, o PDT é considerado social-democrata. É o único partido brasileiro membro da Internacional Socialista.
- Fundação: O PDT foi fundado no início da abertura gradual do regime militar em 1979 por um dos principais representantes da oposição, Leonel Brizola.
- Presidente do partido: Carlos Lupi
- Figuras notáveis: Ciro Gomes, ex-ministro da Integração Nacional (2003-2006) do governo Lula (PT), juntou-se ao partido em 2015. Pouco depois de se juntar ao PDT, ficou nítida a intenção do partido de apresentá-lo como candidato à presidência, à qual já concorreu em 1998 e em 2002 - e cargo que possivelmente disputará também em 2022.
- Número de filiados: 1.152.970 (a partir de abril de 2022)
- Representantes no Congresso Nacional: 18 deputados federais e 4 senadores (a partir de abril de 2022)
Partido dos Trabalhadores (PT)
- Orientação ideológica: O PT pertence ao campo político da esquerda. Além da esquerda não dogmática, há também correntes comunistas e trotskistas dentro do partido.
- Fundação: O PT foi fundado em 1982 como um sindicato de membros de sindicatos durante a ditadura militar.
- Presidente do partido: Gleisi Helena Hoffmann
- Figuras notáveis: O fundador do partido e sua principal liderança é o ex-presidente Lula da Silva (2003-2010). Durante seu governo, a afilhada política de Lula, Dilma Rousseff, que foi afastada do cargo de presidente em agosto de 2016, também desempenhou um papel fundamental, sendo a primeira mulher eleita ao cargo no país. Lula já oficializou sua candidatura e concorrerá à reeleição em 2022.
- Número de filiados: 1.631.907 (a partir de abril de 2022).
- Representantes no Congresso Nacional: 56 deputados federais e 7 senadores (a partir de abril de 2022)
- Regiões de maior influência no país: Norte e Nordeste do país
- Orientação ideológica: O Podemos é considerado um partido de centro-direita, e afirma defender um alto grau de participação dos cidadãos.
- Fundação: Em 2016, o Partido Trabalhista Nacional (PTN - Partido Nacional dos Trabalhadores), que foi fundado em 1995, foi renomeado para Podemos. Durante a última década do século XX e a primeira década do século XXI, era associado ao nacionalismo e ao trabalhismo.
- Presidente do partido: Renata Hellmeister de Abreu.
- Figuras notáveis: O senador do estado do Paraná, Álvaro Dias, tentou emplacar a si mesmo e a seu partido como uma alternativa entre o PSDB e o PT nas eleições presidenciais de 2018. Seu colega de partido Mario Cova Neto concorreu ao cargo de senador no mesmo período. O ex-jogador Romário de Souza Faria foi filiado ao partido entre 2018 e 2021. O ex-ministro da Justiça Sérgio Moro havia anunciado sua candidatura à presidência pelo partido, mas migrou para o União Brasil em março deste ano.
- Número de filiados: 410.081 (a partir de abril de 2022)
- Representantes no Congresso Nacional: 9 deputados federais e 8 senadores (a partir de abril de 2022).
- Orientação ideológica: O Partido Liberal, de acordo com seu manifesto, defende o fortalecimento do setor privado e busca reformas fiscais e maior segurança jurídica para combater a desigualdade social e criar um clima empresarial atraente.
- Fundação: O PL foi fundado em 1985 pelo deputado nacional Álvaro Vale no Rio de Janeiro. Em 2006, ele se fundiu com o Partido de Reedificação da Ordem Nacional (Prona) para formar o Partido Republicano (PR). Em 2019, o partido mudou seu nome de volta para PL.
- Presidente do partido: Valdemar Costa Neto
- Pessoas importantes: Álvaro Vale fundou o partido com o objetivo de estabelecer uma ordem econômica liberal e combater a desigualdade social. O atual líder, Valdemar Costa, foi condenado por um escândalo de corrupção durante o governo do PT. Após meses sem partido, Jair Bolsonaro se filiou ao PL no final de 2021.
- Filiação: 770.784 (a partir de abril de 2022)
- Representantes no Congresso Nacional: 78 deputados federais e 9 senadores (a partir de abril de 2022)
- Regiões de maior influência no país: Sul do Brasil
- Orientação ideológica: O União Brasil é uma fusão do Partido Democratas (DEM) e do Partido Social Liberal (PSL). É classificado à direita do espectro político e está programaticamente comprometido com a educação, a saúde e política social. O União pretende emplacar uma candidatura representando a terceira via, isto é, que seja uma alternativa à atual polarização entre PL e PT.
- Fundação: A fusão do partido foi decidida em outubro de 2021 e aprovada pelo Supremo Tribunal Eleitoral do TSE em fevereiro de 2022.
- Figuras notáveis: Luciano Bivar
- Números-chave: O ex-líder da PSL Luciano Bivar assumiu o cargo de líder do partido União Brasil. O ex-prefeito de Salvador de Bahía e líder do DEM, Antônio Carlos Magalhães Neto, é o secretário geral interino do novo partido. Imediatamente antes do fim da janela de mudanças em março de 2022, o ex-ministro da Justiça e pré-candidato às eleições presidenciais do PODE, Sérgio Moro, também aderiu ao partido.
- Número de filiados: 1.083.269 (a partir de abril de 2022)
- Representantes no Congresso Nacional: 48 deputados federais e 8 senadores (a partir de abril de 2022)
- Orientação ideológica: O Cidadania é um partido político brasileiro que se define como social-liberal. Apoiam o parlamentarismo, o voto distrital misto, candidaturas avulsas e o voto facultativo.
- Fundação: Foi fundado em 1992 com o nome Partido Popular Socialista (PPS), uma iniciativa de alguns dos membros do antigo Partido Comunista Brasileiro (PCB). Somente em março de 2019 o Cidadania ganhou o nome pelo qual responde nos dias de hoje.
- Presidente do partido: Roberto Freire
- Figuras notáveis: Raul Jungmann, que fundou o partido, assumiu o Ministério do Desenvolvimento Agrário no governo de Fernando Henrique Cardoso. A legenda já abrigou também o atual presidenciável Ciro Gomes.
- Número de filiados: 453.366 (a partir de abril de 2022)
- Representantes no Congresso Nacional: 6 deputados federais e 1 senador (a partir de abril de 2022)
[1] https://www.tse.jus.br/eleitor/estatisticas-de-eleitorado/filiados