Workshop
Detalhes
Para formentar a participação feminina na política, a Fundação Konrad Adenauer no Brasil realizou, em parceria com o Instituto Teonônio Vilela e o secretariado do PSDB Mulher, um Curso para pré-candidatas do PSDB – eleições 2024. Afinal, em termos de ranking internacional sobre participação política de mulheres, independentemente de qual a metodologia utilizada, o Brasil está em péssima colocação e pior que muitos países considerados ambientes nocivos para mulheres e meninas. Ao analisarmos tal cenário mundial e brasileiro, percebemos que são raras as brasileiras que conseguiram alcançar e liderar comissões relevantes como a de Constituição e Justiça, de Orçamento, de Finanças e nenhuma chegou a ser presidente do Senado ou da Câmara dos Deputados. No plano municipal, cujas eleições acontecem em outubro próximo, as mulheres representam apenas 18% das políticas.
Ao aumentarmos o número de mulheres na política, as mulheres nos espaços de tomada de decisão tendem a gerar resultados concretos que beneficiam outras mulheres. Dados indicam que 69% das prefeituras chefiadas por mulheres têm políticas públicas voltadas para esse público e 55% das prefeitas têm seu secretariado composto por mais de 40% de mulheres em sua equipe. Isso significa que simplesmente ter mulheres eleitas não é suficiente, mas, por outro lado, os direitos femininos não serão alcançados sem mulheres eleitas para pleitear e implementar estes direitos.
As mulheres têm de lidar com inúmeros desafios para conseguir participar em igualdade de condições com os homens nas várias esferas de atuação. Elas são preteridas para receber treinamento em educação política com os recursos dos partidos, costumam ter suas candidaturas efetivadas somente quando há benefício para os homens, não recebem financiamento adequado para a campanha e, quando eleitas, sofrem boicote ou são pressionadas a indicar e transferir seu capital político para lideranças masculinas.
Ao atuarmos na área de educação política, nosso objetivo é promover e fomentar uma democracia mais participativa. Assim, oferecemos a oportunidade para mais mulheres se prepararem para campanhas eleitorais para os cargos de prefeitas, vice-prefeitas ou vereadoras em seus municípios. Além de um auditório lotado por dois dias intensos de atividades, contamos também com a participação de inúmeras mulheres que acompanharam o curso ao vivo de suas casas. Entre os destaques do treinamento, o presidente nacional do PSDB fez questão de participar, prestigiando as futuras candidatas de seu partido. E entre os palestrantes, tivemos especialistas de diversas áreas do conhecimento: todos eles voltados para indicar os pontos centrais da preparação de uma campanha eleitoral. As participantes puderam se aprofundar em seu conhecimento sobre o sistema político brasileiro, legislação eleitoral, aprenderam novas técnicas de como ganhar projeção utilizando as diferentes redes sociais, aspectos da comunicação de uma campanha política, accountability e ética na prestação de contas, desafios das fake news ou desinformação política, entre outros assuntos.
Para falar sobre o impacto da violência política de gênero, que impacta negativamente na participação política feminina, representantes da política brasileira nacional, com grande experiência em campanhas e atuação de dentro dos partidos políticos deram seus depoimentos e apresentaram um panorama sobre o número reduzido de mulheres no processo eleitoral e, ainda mais limitado, a quantidade de mulheres que possuem cargos públicos. A discriminação contra mulheres no Brasil é geral e elas precisam contar com um secretariado para a mulher com forte atuação dentro dos partidos, para que se sintam respeitadas e tenham seus direitos assegurados.
Saúde e educação são as pautas prioritárias para as mulheres em todo o país, visto que na sociedade brasileira ainda há forte expectativa de que as mulheres sejam as responsáveis principais pelo cuidado com os membros da família (sejam crianças, idosos ou doentes). Desta forma, a vida pessoal e profissional das mulheres tende a ser comprometida e dependente, em grande parte, da oferta (ou não) de políticas públicas que atendam seus interesses familiares. Com isso, é uma prioridade para termos uma sociedade mais democrática fomentarmos que mais mulheres atuem nas diferentes esferas de poder e, para isso, participem de campanhas eleitorais.