Contribuições aos eventos
A data do evento não poderia ter sido mais precisa. Mesmo que o foro foi programado para mergulhar-nos durante o dia inteiro no desenvolvimento de políticas, colaboração público-privada e oportunidades de financiamento de ação climática; a situação da forte chuva e trasbordamento do rio Mapocho, aumentou o interesse e compromisso dos representantes dos municípios de compartilhar seu próprio progresso e trocar melhores práticas.
Christian Hübner, Diretor de KAS EKLA; Juliana Lopes, Diretora de CDP Cities Latin America e Guillermo Espinoza, Diretor Executivo de CED, deram as boas-vindas a todos os participantes. Imediatamente depois, a exposição inaugural foi dada pelo Ministro do Ambiente do Chile, Pablo Badenier, quem destacou a importância das cidades na América Latina em termos de taxas de consumo e poluição, especialmente si se leva em conta a tendência de crescimento das cidades em direção a um mundo urbanizado. Neste contexto, os principais desafios ante às variações climáticas precisam de cidades que saibam administrar essas mudanças para afetar o menos possível a qualidade de vida dos cidadãos.
Para conhecer as experiências chilenas; Jordan Harris, Subdiretor de Adapt Chile, foi o moderador da mesa redonda com as autoridades chilenas. Como bem ressaltou o prefeito da Região Metropolitana, Claudio Orrego, "Santiago está vivendo a mudança climática." Este manifesto não foi só com base na cojuntura, mas também no registro de fenômenos cada vez mais frequentes e intensos nos últimos anos. Frente a essa realidade, é preciso uma visão integrada como cidade onde as comunidades trabalhem juntas. Assim mesmo, ele observou que esta integração deve ser uma prioridade, tanto das autoridades locais quanto do sector privado e da sociedade civil em geral, porque as ações de cada um desses atores também influencia a redução das emissões de GEE para reduzir os impactos da mudança climática.
No lado das experiências locais, o município de Peñalolén destacou o programa de reciclagem municipal inclusivo, que conta com a participação de 16.500 famílias da localidade. Além disso, a prefeita Carolina Leitao, destacou o EcoParque como um espaço para educação e pesquisa para melhorar as áreas de compostagem, hortas ecológicas, reciclagem de resíduos inorgânicos, produção de biodiesel, entre outros. Para a implementação dos vários programas que contribuem com a redução das emissões de GEE, Gonzalo Durand, prefeito de Independencia, ressaltou a importância da construção de propostas de forma participativa. No caso da Independencia, graças a esse trabalho em conjunto, tem se desenvolvido programas usando bicicletas como transporte, programa de reciclagem de óleos domésticos e sistema de geração de biogás para aproveitar os insumos do hipódromo.
Se bem muitas dessas iniciativas são financiadas diretamente pelos municípios, ¿como poderia se ampliar a escala para o projeto gerar maior impacto? Para conseguir isso, em outras cidades da América Latina se experimentam casos de financiamento com o apoio do setor privado, especificamente, o que é conhecido como parcerias público-privadas. Graças à moderação do Guillermo Espinoza, Diretor Executivo do CED; adquiriu-se mais conhecimento sobre as práticas de representantes do Brasil, do México e da Colômbia.
Nesta linha, Rogerio Menezes, Secretário do Meio Ambiente do Município de Campinas no Brasil, apresentou experiências implementadas através de esta forma de financiamento, que contribuem com a adaptação e mitigação da cidade frente à mudança climática: a instalação da planta de energia solar de Tanquinho, com um investimento de US$ 3,6 milhões, 1,6 GigaWatts de geração por ano e energia suficiente para o fornecimento de 1.000 famílias; a circulação de 10 ônibus elétricos com projeção de substituir o 25% do total de 1200 ônibus ao longo dos próximos 3 anos; e a reutilização de água no aeroporto de Viracopos graças à empresa SANASA.
Quanto à experiência mexicana, Samuel Martínez, Secretário Técnico da Prefeitura de Naucalpan, compartilhou o seu caso, quanto a necessidade de criar uma planta de valorização térmica para a gestão e utilização dos resíduos sólidos. Com isso se evitaria a emissão de 430 000 toneladas de CO2 (equivalente a 140 000 carros compactos deixando de circular por ano) e se geraria 16 MW/h, suficientes para fornecer 70.000 lares médios com energía elétrica.
Por outro lado, desde a Prefeitura de Cali - Colômbia, Gisela Arizabaleta compartilhou o trabalho de promover a produção de bens e serviços com a menor pegada de carbono possível. Para isso, entregam um certificado de carbono neutro organizacional, com o que já atingiram a participação de 30 empresas de diferentes áreas e mais 10 estão próximas a se juntar. Através da medição e formação a estas empresas, até agora se identificou que o maior contribuinte de CO2eq é o Setor de Energia com 87,535.26 ton. Por outro lado, a vantagem de ter um ou mais certificados é que estes são válidos internacionalmente e permite à empresa ter uma competência diferencial para melhorar a sua competitividade.
Em frente às diversas experiências e oportunidades de projetos para a adaptação e mitigação da mudança climática nas cidades, surge a preocupação de como financiá-los e que plataformas e mecanismos existem para isso. Para esclarecer esta questão, María Fernanda Pineda, coordenadora do projeto EKLA KAS, moderou a mesa redonda 3, que inclui vários especialistas da América Latina e Europa.
Heloisa Schneider, Pesquisadora da Divisão de Desenvolvimento Sustentável e Assentamentos Humanos do CEPAL mencionou que, em 2014, as iniciativas relacionadas com o financiamento em mudança climática totalizaram US $ 21,1 bilhões na América Latina e no Caribe. Os países que investiram mais foram o Brasil (67,3%), o Perú (7%) e a Colômbia (3,9%), respectivamente. No que diz respeito às partes interessadas, ela compartilhou o progresso de cada um: US$ 300 milhões aprovados desde os Fundos Climáticos em 2014; no mesmo ano, US$ 1.398 milhões de investimento aprovado pelo Banco Mundial; e 17% dos fundos de Bancos Multilaterais de Desenvolvimento destinados para a América Latina e o Caribe.
Dentro da gama de mecanismos, os Bônus Verdes, ou títulos de crédito (dívida) emitidos por instituições públicas ou privadas, apresentam um grande desafio em seu funcionamento. Para um maior alcance do assunto, Justine Leigh-Bell, Diretora de Desenvolvimento de Padrões do Climate Bonds Initiative, disse que os Bônus Verdes referem-se a ativos que tem como objetivo fazer projetos verdes e obter financiamento de investidores interessados para, ao final, retornar o rendimento de seu investimento. Este mercado de bônus verdes tem tido um enorme crescimento nos últimos anos. No entanto, ainda apresenta desafios como a falta de projetos verdes financiáveis, a falta de preparação para o financiamento de títulos e a ausência de normas ecológicas comumente aceitáveis.
Por sua parte, Sarah Dougherty, Associada de Inovação do Meio Ambiente do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais, apresentou os Bancos Verdes como instituições financeiras (públicos ou semi-públicos) com a missão de acelerar a maturação dos mercados de energia limpa (inovação financeira) e facilitar o acesso ao financiamento (melhores condições de crédito e financiamento directo). Globalmente, os principais bancos verdes são o Clean Energy Finance Corporation da Austrália, o GreenTech Malaysa, o Green Finance Organization do Japão, o Green Investment Bank do Reino Unido, o Connecticut Green Bank nos Estados Unidos e o New York Green Bank.
Para fechar a mesa redonda, Martha Castillo, Diretora Executiva da Unidade de Mudança Climática na Corporação Andina de Fomento (CAF), compartilhou os diferentes tipos de financiamento disponíveis a partir da instituição para a região: estudos de pré-investimento em gestão e geração do conhecimento e mapeamento e identificação de oportunidades, cooperação técnica para financiar projetos piloto, e recursos para pré-investimento em pré-viabilidade e viabilidade. O principal desafio é ter um ponto de encontro entre as ideias de projetos e os investidores e passar de intervenções setoriais para intervenções territoriais com cobenefícios multissetoriais, a fim de promover cidades mais inclusivas, competitivas, eco-eficientes, inteligentes e sustentáveis para melhorar a qualidade de vida da população urbana.
Além das 3 seções da exposição, houve um espaço de oficina para compartilhar as melhores práticas ambientais entre os representantes dos municípios presentes. Esta atividade foi liderada por Andreia Banhe de CDP e Jordan Harris de Adapt Chile. A apresentação da iniciativa CDP Cities Latin America e o desenvolvimento de um caso prático serviram como ponto de partida para gerar um intercâmbio de ideias e debate sobre as ações a serem tomadas em gestão climática local. No final do dia, a informação exposta reforçou os conhecimentos de uns; para outros, foi uma primeira aproximação, mas acima de tudo, deixou a mensagem de urgência para trabalhar no desenvolvimento de cidades mais sustentáveis para os cidadãos terem uma melhor qualidade de vida e que é possível atingir esse objetivo.
Escrito por: María Fernanda Pineda (EKLA KAS)
Colaboração: Andreia Banhe (CDP), Patricia Castillo (CED)
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Nota à imprensa: Noticias Peñalolén