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Contribuições aos eventos

IV Conferência Latino-Alemã de energia

de Giovanni Burga

CONFERÊNCIA INTERNACIONAL

Pelo quarto ano consecutivo e pela primeira vez na América Central, foi realizada em 26 e 27 de outubro, em San Jose, Costa Rica, a IV Conferência Latino-Alemã de Energia, com a presença de representantes do setor público e privado da Alemanha e da América Latina.

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Desta vez, o país sede foi a Costa Rica, por ser um dos países da região onde a importância da preservação do meio ambiente (cerca de 25% de todo o seu território são áreas de conservação natural) e o uso de energias renováveis aconteceu com maior intensidade, graças à vontade e ação política, à presença permanente do setor privado e às características ambientais do país (características compartilhadas pela maioria dos países da América Central, por isso é possível replicar). Além disso, San Jose foi a primeira cidade da América Latina (e a terceira do mundo depois de Paris e Nova York) em estar iluminada com eletricidade.

O evento começou com as boas-vindas dos organizadores Werner Böhler, da KAS- Costa Rica, Christian Hübner, do Programa EKLA- KAS, Philipp Krakau de Pflüger International e Tatiana Remy da AHK Costarriquense–Alemã, que passou a palavra para a apresentação de Laura Lizano, do Ministério de Ambiente e Energia da Costa Rica.

A Sra. Panizo expôs brevemente a situação do setor energético na Costa Rica, onde 99.3% da população têm luz em suas casas e seu mix de energia elétrica está composto por: 72% hidroelétrica, 13% geotérmica, 11% eólica, 3% térmica e 1% entre biomassa e solar (sendo esta última a de mais baixa incidência no país). No entanto, seu transporte é o principal desafio, pois depende do petróleo (o petróleo significa 66% de todas as fontes de energia utilizadas) e demandam 52% do total da energia produzida. É por esta razão que a Costa Rica tem um Plano de Desenvolvimento Sustentável 2015-2030 e uma Política Energética com os seguintes objetivos: maximizar o uso de fontes renováveis e minimizar as não renováveis, transitar pelo caminho da eficiência energética, abastecer-se com geração distribuída, buscar a sustentabilidade da matriz energética, buscar a transformação do parque automotivo à veículos elétricos e conseguir um transporte público sustentável no país.

Depois de ouvir a visão do país expressa pelo representante do MINAE, vimos um vídeo enviado por Werner Vargas (Diretor Executivo da Secretaria do SICA) que explicou a importância da Integração da América Central, com ênfase na interconexão elétrica, que é um exemplo único no mundo, uma vez que abrange cerca de 1500 km de interconexão atravessando países e fronteiras. Esta interconexão foi possível graças ao acordo de paz Esquipulas (1987), que terminou com os conflitos fronteiriços na América Central e abriu as portas para a integração regional, o que é reforçado e institucionalizado com o Protocolo de Tegucigalpa (1991), onde se menciona a necessidade de buscar "uma nova ordem ecológica regional". Neste cenário nasce SICA como organismo articulador de políticas, planos e ações a favor da integração da América Central, com a participação de conselhos diretivos, ministros e presidentes dos países membros que, através da troca de conhecimentos, acordos comuns e da cooperação internacional, avançam na integração e nos planos comuns de luta contra a mudança climática, tanto na mitigação (com planos e estratégias, com o "Corredor de energias limpas") como na adaptação (na consecução dos objetivos de desenvolvimento sustentável).

Posteriormente, realizou-se uma mesa de debate com a presença dos deputados do Bundestag Carsten Müller e Karsten Möring, acompanhados de Gerardo Vargas (deputado da assembleia legislativa da Costa Rica), conversaram sobre as semelhanças e as oportunidades que atravessa a transição energética na Alemanha e na Costa Rica e como esta, a partir do trabalho legislativo, pode ser atraente para os investidores privados da região. O Deputado Möring mencionou que uma das principais dificuldades que enfrenta o uso de energias renováveis na Alemanha é o transporte da energia, porque os grandes centros de produção estão no norte do país e a grande demanda de usuários está no sul, por isso é indispensável que em um plano de negócios seja incluído o custo logístico, o que pode aumentar os preços, mas que a longo prazo faria que os negócios sejam sustentáveis sem excessiva dependência de subsídios estatais. “Devem ser realizadas licitações e modelos de negócios que tornam atraentes a entrada de novos atores”, mencionou.

Sabe-se que a mitigação das mudanças climáticas tem 2 colunas principais: A transição energética e a eficiência energética, sendo esta última a menos levada em conta, mas de fundamental participação si se deseja alcançar as metas propostas na COP 21. A eficiência energética, como mencionou o Deputado Carsten Müller, não significa apenas um benefício para o meio ambiente, mas também oferece benefícios econômicos na redução dos custos organizacionais e na geração de novos postos de trabalho, comentou o exemplo da Alemanha, onde a eficiência energética poderia gerar um aumento de 10% nos empregos cuja média nesse país é de 2-2.5 % anual. Por sua vez, a eficiência energética é um caminho de melhoria contínua, e a pergunta que deve ser sempre feita é: “Como podemos utilizar melhor os materiais? ”.

O deputado Vargas, mencionou que, embora a Costa Rica seja um país cujo uso de energias renováveis tenha níveis exemplares para o resto da região, é necessário diversificar a oferta produtiva (para fontes não-hidráulicas), e sobre esta questão há problemas legislativos, pois mencionou uma lei de uso de biocombustíveis que foi arquivada no Congresso por razões pouco claras. Os 3 deputados coincidiram que existem 2 setores onde os esforços devem concentrar-se: O setor transporte e o de aquecimento, ambos altamente dependentes do petróleo e justamente o de transporte é o de maior incidência na Costa Rica e na região. Ante esta situação, por exemplo, atualmente na Alemanha está em discussão uma lei para que a partir de 2030 seja proibido o uso de energias fósseis para esses setores.

O segundo dia iniciou com a exposição de Jorge Blanco, da AHK, que expressou a importância das energias renováveis como oportunidades de negócios, especialmente em relação à energia eólica e solar, devido as condições meteorológicas da região e os benefícios e oportunidades que esses negócios envolvem: Eficiência produtiva, geração de emprego, descentralização da produção e desenvolvimento de tecnologia.

Sob a premissa que a “Reciclagem é o fator mais importante para a proteção do clima e dos recursos", foi proposto um painel de geração de energia com biomassa, conformado por Christian Wohlrabe, representante de Alba Group, uma das empresas mais importantes no ramo de gestão de resíduos, que falou sobre a importância econômica, social e ambiental do tratamento de resíduos e todas as possibilidades que existem para sua reutilização, incluindo a fabricação de “Green coal”, todos eles com tecnologia de ponta e em constante modernização; e Carlos Peláez, de Brücken Consult, que está empenhando-se para gerar energia com o uso de resíduos municipais na Bolívia, com muitas dificuldades. Embora seja uma grande oportunidade de desenvolvimento dadas as deficiências na gestão dos resíduos sólidos na Bolívia como: falta de espaço, baixa taxa de reciclagem, riscos de incêndio, lixiviados, etc., enfrentam problemas como: desconhecimento e complexidade da tecnologia, regulamentos que proíbem a queima de lixo, burocracia, regulamentação das tarifas, injeção na rede, etc.

Continuando na linha de geração de energia com biomassa, foi apresentado Germán Rodríguez , de Forest Finest, que explicou a importância da utilização da biomassa florestal como fonte de energia pois a dependência de energia hidrelétrica pode ser prejudicada pelas secas e alterações nos padrões de chuva devido às mudanças climáticas. Além disso, a utilização da biomassa incentiva o florestamento (criação de florestas), é de fácil adaptação à indústria (cria tanto eletricidade como energia calórica), gera cadeias de valor e pode ser apresentado como certificação para o mercado de carbono. Cabe indicar que apesar destas oportunidades, na Costa Rica apena representa 0.77% do mix energético, e em outros países como Guatemala e Belize 11% e 14%, respectivamente. À geração de energia por biomassa, como fonte alternativa à Hidrelétrica, pode ser adicionado a energia geotérmica (vulcões em todo o território), solar (zona tropical com forte radiação) e eólica (ventos fortes e constantes), como mencionou Jorge Montero, do ICE, que destacou que a geração distribuída é a grande oportunidade para a Costa Rica e a região, principalmente a energia solar, que pode ser abarcada pelo setor privado, o que diversificaria a oferta energética e criaria estabilidade e qualidade do serviço elétrico, melhor balança de pagamentos, menos emissões de GEE e poluição e, a longo prazo, poder atender a demanda que criaria a incorporação de veículos elétricos ao parque automotivo, conforme estipulado no Plano de Desenvolvimento Sustentável 2015-2030, na Costa Rica.

Como mencionado, as energias renováveis são uma grande oportunidade para o setor privado, e dentro dos principais benefícios está o aumento de postos de trabalho, e neste ponto Alex Haase, de AMECS, explicou a importância da preparação técnica em nível regional, de modo que a mão de obra exigida por estas novas tecnologias sejam gerenciadas de forma produtiva, para isto, deve ser qualificada tanto na teoria como na prática, com habilidades em engenharia e amplo conhecimento de segurança do trabalho (prevenção de riscos). Espera-se que na América Latina exista um crescimento anual de 5000 MW, e se calcula que, em uma estimativa conservadora de 1 técnico por cada 5MW de energia produzida, haverá uma demanda de 1.000 novos técnicos por ano razão pela qual a partir de AMECS, são realizados projetos de capacitação, como o Centro Regional de Treinamento para Energia Eólica (Tillarán, Costa Rica) e há perspectivas de multiplicar centros como esse em toda a região.

Como mencionado, a eficiência energética é uma grande oportunidade para o setor privado, como demonstrado nas exposições do último painel do evento, na qual empresas como Yuxta, representada por Ernesto Moreno, propõe uma oferta de software de monitoramento, controle de alertas, automatização e autogerarão de energias limpas para o benefício das empresas nas economias de custo. Energy Efficience, representada por Andreas Ziolek que, por meio de consultoria empresarial realizam projetos de Engenharia, Vendas, Construção e Monitoramento (EPCM, por sua sigla em Inglês) para seus clientes; e Rehau, representado por Ricardo Villareal, que através da confecção de polímeros de alta qualidade contribui com o setor da construção eficiente e eco-amigável (janelas com tecnologia de ponta que reduzem o consumo de ar condicionado e de luz elétrica, por exemplo) alcançando uma posição no mercado latino-americano e alemão com ótimas projeções de crescimento.

Para fechar o evento, uma recepção foi realizada na residência do Embaixador da Alemanha na Costa Rica, Sr. Ingo Winkellmann, que em un ambiente de camaradaria agradeceu aos presentes e aos organizadores pela iniciativa de realizar o evento na Costa Rica, mencionando em seu discurso que a "transição energética realizada pela Alemanha, em meados do século passado, pode ser comparada com a chegada do homem à lua, como um pequeno passo para o homem, mas um grande para a humanidade”.

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